Na calada da noite, caminho sem direção pelas ruas vazias
Procurando nas estrelas terrenas aquele brilho que a este
coração possa encantar
Apenas um cintilante momento que preencha a alma com
primazia
Inútil toda a caminhada, pois estou ciente que sou escravo
do teu olhar
No silêncio da montanha, contemplava o exuberante e leve vôo
do gavião
Quando pensei em agarrar na ponta do vento para vagar em
suas fascinantes delícias
Percorrendo uma doce realidade indistinta da mais quimérica
ilusão
Mas a mente trouxe-me de volta porque eu já era um
prisioneiro de tuas carícias
Na grandeza do oceano das fantasias, alcei a vela para
velejar espontâneo até o horizonte
Buscando aquela graciosa liberdade que não necessita de
nenhum esconderijo
E que entre os veneráveis desejos e a divindade de minha
essência formam uma ponte
Mas as sutis lufadas da paixão trouxeram-me de volta porque
sou refém dos teus beijos
Sentia-me pleno como os raios de sol e fervoroso como suas
inebriantes pulsações
Ciente de que a unidade entre o astro-rei e o fulgor de meus
olhos não era um fortuito acaso
Mas as primeiras estrelas regressaram-me ao lar porque eu
era cúmplice de tuas seduções.
Na exuberância do amanhecer, adentrei o inesquecível vale
dos sonhos para vagar pelas fantasias do infinito
Onde os pássaros conversam com as árvores e o homem beija o
coração de uma flor
Naquele inebriante espaço onde tudo é simples e, na
simplicidade, tudo é raramente bonito
Mas o aroma de tua presença trouxe-me de volta porque, mesmo
livre, eu tinha sido sentenciado pela sublimidade do teu amor.
Cargnin dos Santos