23 agosto, 2006

Apenas um canto




Que eu sinta meus pés pulsarem com a terra.
Que meus braços se ergam numa invocação.
Que sopre em minhas mãos uma suave brisa.
Que a água da chuva purifique meu corpo.
Que eu ouça o farfalhar das folhas, ainda que distantes.
Que o perfume das flores invada meu quarto.
Que o calor do fogo sopre na chama da vela.
Que o som de um sino sacramente o silêncio.
Que eu convide o Sol em minha janela todas as manhãs.
Que Ele venha.
Que eu saúde a Lua todas as noites.
Que Ela apareça por entre as nuvens.
Que eu dance em agradecimento.
Que eu cante um canto sagrado.
Que eu veja a movimentação dos pequenos.
Que eu os saúde e agradeça.
Que eu beije a ponta de uma estrela e abrace uma árvore.
Que eu olhe para o céu e deite sobre a terra como criança.
Que eu seja o que sou.
Que eu me olhe no espelho sorrindo.
Que eu morra mil Luas e renasça mil Vidas.
Que eu conheça escuridão e luz.
Que meu caminho tenha encruzilhadas.
Que eu escolha.
Que eu escolha todos os dias.
Que eu escolha, todos os dias, saudar os deuses.
Que eu os saúde:Dentro do círculo e fora dele.
Em meu altar.
Nas manhãs, nas tardes, noites e madrugadas.
Nos solstícios e equinócios.
Em minha cama, em minhas panelas.
Com vinho e com meu sangue.
Com caldeirão e espada.
De corpo e alma.

2 comentários:

Anônimo disse...

simplismente lindoo

Anônimo disse...

Muito lindo,me identifiquei com tudo no seu blog,não tenho vergonha de ser quem eu sou,nasci assim,sou assim,morrerei assim,eternamente assim....
Beijos de uma menina muito alegre!