23 agosto, 2006

A sacralidade da Terra


Cultura, religião e sociedade sempre caminharam juntas, e apenas recentemente houve uma separação desses setores.
Para os povos antigos, que dependiam essencialmente da terra para viver, culto e celebrações eram a mais natural forma de honrar a Natureza.
Pode-se dizer que há uma relação de troca: da mesma forma que a Terra lhes dava boas colheitas, o povo retribuía com celebrações, cultos, sacrifícios, oferendas.
Hoje em dia fala-se tanto em desenvolvimento sustentável, que é até irônico notar como mais uma vez os povos celtas tinham costumes avançados para o seu tempo.

Antigamente, quando as aldeias atingiam uma população muito grande, eles dividiam a aldeia em duas, sendo que esta segunda migrava para um outro lugar, a fim de preservar a Natureza no local anterior.
Eles sabiam que, se a população continuasse a crescer, logo os recursos naturais acabariam, e isso era uma questão de sobrevivência. Não só deles, mas da própria Terra.
A Hipótese Gaia, que afirma que a Terra é um ser vivo, está cada vez mais sendo aceita.

Vemos o nosso planeta como algo sagrado porque moramos nele e dependemos dele. Por mais que a maioria de nós more em cidades urbanas, afastados da Natureza, não podemos jamais nos esquecer que dependemos dela para sobreviver.
A água, as árvores, plantações, animais, tudo isso faz parte do nosso dia-a-dia. Muitas vezes escuto algumas pessoas dizerem: "Eu não sou chegado a essa coisa de Natureza!", mas é inevitável.

É como dizer que não gosta de política.
É algo que se vive diariamente, o tempo todo. Você pode "não ser chegado" em Natureza, mas respira o ar que vem dela, bebe água, toma banho, faz comida com alimentos orgânicos.
Não dá pra fugir disso.
O grande problema hoje em dia é que a população mundial está crescendo rapidamente e, com isso, os recursos naturais estão se esgotando.

Um dia, se não cuidarmos, nada mais teremos.
No Japão, já se discute o fato de que daqui a 50 anos não haverá mais água no país.
Esse caos não pode acontecer.
É por isso que cuidar da Terra não é uma frescura de quem se diz pagão ou bruxa; é uma necessidade.

Não só celebrar os rituais da Roda do Ano, mas também botar a mão na massa literalmente, participando de campanhas contra o derrubamento de árvores, ajudar animais perdidos, plantar árvores e plantas, cultivar uma horta em seu quintal, participar de manifestações etc. 
Há tantas formas de ajudar!
A conexão com a Natureza deve ser permanente.

De nada adianta celebrar maravilhosamente um ritual de solstício de inverno se depois de duas horas você joga fora uma latinha de alumínio sem reciclar.
De nada adianta celebrar um solstício de verão com seu caldeirão cheio de água e flores se você demora mais de uma hora no banho.
São questões de bom-senso e de preservação.
Sejamos bruxos sim, mas acima de tudo pagãos, no sentido literal da palavra, que significa "ser do campo". Cuidar da Terra é a vitalidade do Paganismo, mas deveria ser a prioridade na vida de todas as pessoas, sejam elas pagãs, cristãs, budistas, taoístas, o que seja.

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