26 setembro, 2006

Conversa com a Lua Negra


Eu olho pra mim e não me reconheço
Sou o verso, o anverso, o meio

Eu olho pra mim e não me reconheço
Sou página em branco esperando a escrita

Eu olho pra mim e não me reconheço
Sou a morte lançada à beira da estrada

Eu olho pra mim e não me reconheço
Passeiam em mim crocodilos e serpentes

Eu olho pra mim e não me reconheço
Conto horas, minutos, frações

Eu olho pra mim e não me reconheço
Um elo fora da corrente

Eu olho pra mim e não me reconheço
Percebo, não ouço... é latente

Eu olho pra mim e não me reconheço
Um grito preso na garganta

Eu olho pra mim e não me reconheço
Sou só eu e eu

Eu olho pra mim e não me reconheço
A lâmina, o algoz, a sentença

Eu olho pra mim e não me reconheço
Ainda posso calar se esse for o preço
Mas nada apagará as visões da mente

Eu olho pra mim e não me reconheço
Dois olhos Negros que me vêem através da Lua...


Nina Mardol

Um comentário:

Anônimo disse...

Ananuê, Guinevere!

Sou Nina e "Conversa com a Lua Negra" é muito importante pra mim... Aliás, acredito que poemas são como filhos. Trabalhava Hécate quando ele veio. Que bom que gostou dessa minha "cria".
Onde o achou?

Abençoada seja.

Mardol

)O(

jul/2007