27 outubro, 2006

Esbats



Além dos oitos Sabás, os povos celtas celebravam também os Esbats, ou seja, as treze luas cheias ao longo do ano solar.
A lua cheia foi venerada durante milênios por grupos de homens e mulheres, reunidos nos bosques, nas montanhas ou na beira da água, como a manifestação visível do princípio cósmico feminino, na forma das deusas lunares ou da Vovó Lua.
Com o advento das religiões patriarcais, houve uma divisão na vida religiosa familiar.
Os homens passaram a reverenciar os deuses – solares e guerreiros -, enquanto que as mulheres continuavam se reunindo para celebrar a lua cheia e honrar a Grande Mãe.
A cristianização forçada e, principalmente, as perseguições dos “caçadores de bruxas” durante os oito séculos de Inquisição, procuraram erradicar a “adoração pagã da Lua” e os Esbats foram considerados orgias de bruxas e manifestações do demônio.
A palavra Esbat deriva do verbo esbattre, em francês arcaico, significando “alegrar-se”, pois essas celebrações não eram tão solenes como os Sabás, proporcionando, além dos trabalhos mágicos, uma atmosfera jovial.

Há também uma semelhança com a palavra “estrus” – o ciclo lunar de fertilidade -, reforçando a idéia da repetição mensal dessas comemorações.
Durante os Esbats, reverencia-se as forças vitais criativa, geradoras e sustentadoras do universo, manifestada como a Grande Mãe.

À noite de lua cheia ou o plenilúnio, é o auge do poder da Deusa, sendo o momento adequado para rituais de cura e trabalhos mágicos.
Usam-se altares – simples ou elaborados – com os símbolos da Deusa e acrescentam-se os elementos específicos da lunação.
Alem dos rituais, há cantos, danças, contam-se histórias e fazem-se meditações.
No final, comemora-se repartindo pão ou bolo e bebendo-se vinho, suco ou chá, brindando à Lua e ofertando um pouco à natureza em sinal de gratidão à Mãe Terra.
O pão sempre simbolizou o alimento tirado da terra, enquanto que o vinho favorecia a atmosfera de alegria e descontração.
Atualmente, os plenilúnios são comemorados não somente pelos grupos estruturados da tradição Wicca (os “covens”), neopagã ou xamânica, mas também por grupos de mulheres ou pelos “solitários”. A Deusa está cada vez mais presente na vida e na alma das mulheres, os raios prateados da Lua realçando suas múltiplas faces.
Na Antiga Tradição, nas reuniões praticadas por “covens” ou individualmente, o ponto máximo do Esbat é o ritual de “Puxar a Lua”, ou seja, imantar uma sacerdotisa ou mulher com a energia da Deusa.

O objetivo desse ritual é triplo: primeiro, procura-se a união com a Deusa para compreender melhor seu mistério; segundo busca-se imantar o espaço sagrado com a energia mágica da Deusa e, em terceiro lugar, objetiva-se o equilíbrio dos ritmos lunares das mulheres e o aumento da fertilidade, física e mental.
Para atrair a energia da Lua, usa-se o punhal ritualístico (“athame”) ou um bastão consagrado, direcionando-o para um cálice com água. Invoca-se a Deusa e expõe-se seu pedido ou, simplesmente, entra-se em contato com sua essência, deixando-a penetrar em todo seu ser.
Fundir-se com a energia da Deusa é um ato de realização espiritual e jamais deve ser usado com fins egoístas, forjando mensagens ou avisos “recebidos” durante o ritual.
Quando o propósito é sincero e o coração puro, a experiência é sublime e comovente. Após um tempo de interiorização e contemplação, tornam-se alguns goles da água “lunarizada” e despeja-se o resto sobre a terra, para “fertilizá-la”.
Como em outros rituais, os Esbats devem ser feitos após invocarem-se os Guardiões das direções e os elementos correspondentes, criando-se o círculo mágico.
Além desse ritual tradicional e formal, pode-se celebrar o plenilúnio de forma mais complexa e criativa, usando-se os conhecimentos astrológicos da polaridade Sol-Lua.

Durante a lua cheia, a Lua se encontra no signo oposto ao do Sol, estabelecendo-se, assim, um eixo de complementação.
Em certos grupos mistos, trabalha-se a polaridade Sol-Lua reverenciando-se os casais divinos, representados por deuses solares e deusas lunares, escolhidos conforme as características astrológicas e espirituais do mês.

2 comentários:

Anônimo disse...

legal esse texto
aprndi muito com ele ^___^

Guinevere disse...

Boa tarde!

Valeu!