07 abril, 2012

Mulheres acusadas de bruxaria sofrem com estupro no Nepal


A ambivalência do hinduísmo tradicional perante a feminilidade e um patriarcado bem arraigado à sociedade são os fatores que explicam a violência contra as mulheres do Nepal, vítimas de crimes como estupro e bigamia. Embora no hinduísmo mulheres e homens sejam consideradas "metades complementares", e exista uma importante corrente que exalta o poder criativo feminino, o "shakti", o marido é um "deus" para sua esposa.
"Os postulados religiosos que continuam na mentalidade do povo são um dos fatores que incentivam a violência contra a mulher", disse à Agência Efe a ativista pela igualdade de gênero Bandana Sharma. No Nepal há mulheres que seguem sofrendo abusos, maus-tratos físicos e psicológicos, bigamia - aceita quando a primeira esposa de um homem é incapaz de ter filhos -, e acusações de bruxaria.
"As indigentes idosas são acusadas de bruxaria e submetidas à violência porque em nossa cultura, sobretudo no sul do Nepal, existe a tradição de atribuir as desgraças à ação de alguma bruxa", acrescentou Bandana. O problema da violência sexual voltou à tona no Nepal recentemente, com a apresentação do estudo "Justiça Revelada: falam as sobreviventes de estupros", que evidencia a falta de proteção das nepalesas.
Muitas entrevistadas alegaram que a violência ocorre porque há homens que veem as mulheres como "meros objetos, cidadãs de segunda classe", e que os abusos são um ato "natural" para homens jovens e sexualmente agressivos. "A mentalidade patriarcal é a razão principal para que a violência contra a mulher continue. No Nepal há uma cultura de silêncio pela falta de apoio e a dificuldade de recorrer ao sistema legal", afirmou à Efe a chefe do estudo, Bindu Gautam.
Bindu contou que a polícia nem sempre investiga as denúncias de estupro, e que muitas violentadas não se atrevem a falar do fato porque é a própria vítima é a culpada e, frequentemente, os agressores fazem parte de seu convívio. Os ativistas, no entanto, consideram que a situação melhorou nos últimos anos e que a conscientização pública cresce cada vez mais neste país do Himalaia, onde três quartos da população pregam o hinduísmo.
O Nepal acaba de pôr fim a uma campanha de cem dias contra a violência sexual, que contou com apoio do primeiro-ministro, Baburam Bhattarai, e em que os ativistas se reuniram com funcionários de todos os distritos do país.
É difícil quantificar os crimes em um país com a precariedade administrativa do Nepal, embora a polícia registre 486 estupros no país em 2010, número superior à média de 433 para o período 2007-2010. A causa mais comum de violência são os maus-tratos domésticos, embora também sejam registrados casos relativos à posse de terras e imóveis e, no distrito de Dang, as mulheres enfrentam a aceitação social da bigamia.
"Os homens não recorrem à bigamia para ter filhos. Voltam a se casar por prazer", afirmou à Efe a ativista Nirmala Bagchand, da Associação dos Defensores dos Direitos Humanos das Mulheres. O Nepal aprovou há quatro anos uma lei de violência doméstica, mas os ativistas denunciam que a implementação não foi adequada e é muito branda, porque se centra na reconciliação do casal e as penas são de pouca duração.
Um agressor, de acordo com a advogada Sanu Laxmi Gahsi, pega uma pena de seis meses, enquanto um polígamo uma condenação máxima de três anos, e não existem disposições especiais para as vítimas nem para as ativistas que lutam para desfazer a mentalidade patriarcal. "Já recebi ameaças de morte e disseram que atearão fogo na minha casa", contou Nirmala Bagchand.
Fonte: Terra, Uol

31 março, 2012

Respeito entre crenças começa dentro da escola


Informação e cursos preparatórios para professores são necessários para evitar problemas de intolerância 

O possível caso de bullying envolvendo um aluno de 15 anos da Escola Estadual Antônio Caputo, em São Bernardo, levanta a discussão sobre a forma como deve ser tratada a questão da religião dentro das instituições de ensino.

O estudante afirma que a professora de História Roseli Tadeu Tavares de Santana utilizava vinte minutos da aula para falar sobre a sua religião e fazer pregações. Como o adolescente era contra e praticante de Candomblé começou a sofrer discriminação religiosa.

As escolas estaduais não são orientadas por nenhuma religião e o proselitismo religioso nas unidades é vetado, de acordo com a Secretaria de Estado da Educação. Se a escola é laica, mas há divergências entre o que a instituição de ensino propõe e a prática de professores, a solução então, é alertar e formar melhor os profissionais.

“A sala de aula é um local para reflexão, não para culto. Muitas vezes, ao ensinar história, esbarramos na questão da história de algumas religiões, mas o que devemos fazer é convidar os alunos para refletirem e discutirem a religião com base na ciência e não na fé. Temos que tomar muito cuidado, principalmente nos dias de hoje, com a enorme pluralidade de crenças dos alunos”, defendeu o coordenador do curso de História da Fundação Santo André, José Amilton de Souza.

Para o professor Jung Mo Sung, diretor da Faculdade de Humanidades e Direito da Universidade Metodista de São Paulo, em alguns casos até existe boa vontade dos professores de compartilhar sua orientação religiosa, mas os problemas acontecem quando se esquecem que a sala de aula não é local para isso.

“O que acho que existe é uma confusão sobre o que é espaço público. A escola, principalmente a pública, não é lugar para fazer culto. Não se pode obrigar os alunos a participarem de cultos a não ser que faça parte da orientação pedagógica da grade curricular, por exemplo, pedir para que participem de várias celebrações de algumas religiões para que se discuta determinados aspectos em sala de aula”, explicou.

Informação contra condutas impróprias nas salas de aula

Para ajudar as instituições de ensino a combaterem os problemas causados pelo bullying, a AESP-ABC (Associação das Escolas Particulares do Grande ABC) faz seminários e cursos sobre prevenção. “Sabemos que os jovens são cruéis e que é da idade começarem com brincadeiras de todo o tipo, inclusive de cunho religioso. É preciso, no entanto, instruir os professores sobre o que é tolerável e o que não. A conduta profissional também é importante porque se a escola é laica, deve-se seguir esta regra”, afirmou a presidente da entidade, Oswana Fameli.

O Colégio Metodista, de São Bernardo, orienta professores e alunos sobre intolerância religiosa e outras questões individuais para evitar bullying e preconceitos.

Mesmo com orientação religiosa assumida, a instituição faz questão de tratar de religião apenas na disciplina específica. “Não somos obrigados a seguir os parâmetros curriculares nacionais para montar nossas aulas de religião porque somos uma instituição com orientação. No entanto, mesmo assim os seguimos e proporcionamos aulas nas quais são abordadas as histórias de inúmeras religiões e crenças. O que passamos para os alunos de modo geral são valores universais”, disse o reverendo Luiz Eduardo Prates, coordenador da Pastoral Universitária e Escolar.

Ainda de acordo com o porta-voz da instituição, todos os professores quando são contratados passam por orientação na qual é mostrada a importância do “amplo respeito à diversidade de escolhas”. “Temos inúmeros professores que não possuem religião e outros que possuem orientações religiosas diferentes da nossa. Estimulamos o diálogo entre alunos e professores para que não haja problemas.”

19 março, 2012

Túmulo anglo-saxão pode marcar passagem do paganismo ao cristianismo


Arqueólogos encontraram um túmulo anglo-saxão perto de Cambridge, Inglaterra, que poderia ser um dos primeiros exemplos do cristianismo, que aos poucos roubou a cena do paganismo.
Dentro dele, foi descoberto o esqueleto de uma adolescente, enterrado em uma cama de madeira, com uma cruz de ouro em seu peito.
A cruz é apenas a quinta a ser descoberta no Reino Unido. Somente 12 outros enterros parecidos foram encontrados.
E, segundo os cientistas, essa combinação exata – cama onde o corpo foi colocado em uma moldura de madeira unida por suportes de metal e símbolo cristão (cruz) – é extremamente rara.
“Acreditamos que há apenas um outro exemplo de um enterro com cama de madeira e cruz no peitoral, em Ixworth, Suffolk”, disse a pesquisadora Alison Dickens.
O túmulo da adolescente, que os cientistas acreditam que tinha cerca de 16 anos de idade, era um de quatro túmulos descobertos ao sul de Cambridge. Os outros três foram descritos como enterros anglo-saxões mais típicos, sem indicações do cristianismo.
O túmulo pode datar do meio do século 7 d.C., quando o cristianismo estava começando a ser introduzido aos pagãos anglo-saxões.
A cruz de 3,5 centímetros encontrada no peito da menina provavelmente tinha sido costurada a sua roupa. Outros artefatos, como um saco de pedras preciosas e semipreciosas, e uma pequena faca também foram encontrados com o corpo.
Segundo os arqueólogos, o estilo da cruz era comparável ao tesouro real anglo-saxão descoberto em Sutton Hoo, em Suffolk.
O método de enterramento e qualidade das joias pode indicar que a menina era de uma família nobre ou real.
Sendo assim, a conversão cristã poderia ter começado em cima, com a nobreza, e filtrado para baixo, até se generalizar até as camadas mais pobres.
Apesar dessas especulações, o corpo possuir tantos bens consigo – supostamente para uma vida após a morte – é contrário à crença cristã, que diz que o corpo não vive após a morte.
No entanto, a fusão de possíveis dois ritos funerários – cristão e pagão – pode colocar o túmulo à beira da mudança de religião, de pagã para cristã.
No futuro, os cientistas querem determinar se havia alguma relação entre a garota cristã e os três outros esqueletos, encontrados em estreita proximidade.
Por Natasha Romanzoti, Hypescience

07 março, 2012

Sereias


Numa noite calma de primavera ou outono, o marinheiro deixa deslizar docemente seu barco perto das margens semeadas de rochedos e ouve ao longe, no marulho das ondas, o gorjeio de uma ave. Esse gorjeio, entrecortado por gritos estridentes e zombeteiros, ganha os ares e passa invisível com um estranho sibilo de asas, por cima da cabeça do marinheiro atento, dando-lhe a impressão de um concerto de vozes humanas. A sua imaginação lhe representa grupo de mulheres que se divertem e tentam desviá-lo de seu rumo. Ele acaba se aproximando mais para identificar a voz e sua embarcação se quebrará nos rochedos. Esta é sem duvida, a origem de todas as narrações das Sereias. Mas devemos agradecer a estes poetas que criaram esta lenda tão maravilhosa.
As sereias na época de Homero eram 3 irmãs, filhas do deus Aqueló e da musa Calíope. Lígia toca flauta, Parténope lira e Leucósia lê textos e cantos. Seus nomes gregos evocam as idéias de candura, de brancura e de harmonia. Outros hes dão os nomes de Aglaofone, Telxieme e Pisinoe, denominações que exprimem a doçura da sua voz e o encanto de suas palavras. Conta-se que elas eram ex-companheiras de Perséfone, filha de Deméter, que foi raptada por Plutão (Hades), Senhor do Submundo. Segundo a lenda, as sereias devem sua aparência a Deméter, que as castigou por terem sido negligentes ao cuidarem de sua filha.
Ovídio, ao contrário, diz que as Sereias, desoladas com o rapto de Perséfone, pediram aos deuses que lhes dessem asas para que fossem procurar a sua jovem companheira por toda a Terra. Habitavam rochedos escarpados sobre as margens do mar, entre a ilha de Capri e a costa de Itália.
O oráculo predissera às Sereias que elas viveriam tanto tempo quanto pudessem deter os navegantes à sua passagem, mas desde que um só passasse sem ficar preso ao encanto de suas vozes e das suas palavras, elas morreriam. Por isso essas encantadoras, sempre em vigília, não deixavam de deter pela sua harmonia todos os que chegavam perto delas e que cometiam a imprudência de escutar os seus cantos. Elas tão bem os encantavam e os seduziam que eles não pensavam mais no seu país, na sua família, em si mesmos. Esqueciam de beber e de comer e morriam por falta de alimento. A costa vizinha estava toda branca de ossos daqueles que haviam perecido.
Entretanto, quando os Argonautas passaram nas suas paragens, elas fizeram vãos esforços para atraí-los. Orfeu, que estava embarcado no navio, tomou sua lira e as encantou a tal ponto que elas emudeceram e atiraram os instrumentos ao mar.
Ulisses obrigado a passar com seu navio adiante das Sereias, mas advertido por Circe, tapou suas orelhas e de todos os seus companheiros e se fez amarrar os pés e as mãos ao mastro principal. Além disso, proibiu que de lá o tirassem se, por acaso, ouvindo o canto das Sereias, ele exprimisse o desejo de sair. Não foram inúteis essas precauções. Ulisses, mal ouviu as doces vozes e as promessas sedutoras das Sereias, deu ordem para que seus marinheiros o soltassem, o que não fizeram.
Pausânias conta ainda uma fábula sobre as Sereias: "as filhas de Aqueló, diz ele encorajadas por Juno, pretendiam a glória de cantar melhor do que as Musas, e ousaram fazer-lhes um desafio, mas as Musas, tendo-as vencido, arrancaram-lhe as penas das asas e com elas fizeram coroas." Com efeito, existem antigos monumentos que representam as Musas com uma pena na cabeça. Apesar de temíveis ou perigosas, as Sereias não deixaram de participar das honras divinas e tinham um templo perto de Sorrento.

19 fevereiro, 2012

Dhegani Mahato é acusada de Bruxaria e queimada viva


Dhegani Mahato tinha 40 anos e era mãe de duas crianças.

Uma mulher nepalesa de 40 anos foi queimada viva em uma aldeia do centro do Nepal sob acusações de ser uma bruxa, informou neste sábado (18) à Agência EFE a polícia local.
Dhegani Mahato, mãe de duas crianças, morreu após ser acusada por um xamã de ser uma bruxa e de ter enfeitiçado um parente que tinha ficado doente.
A família de seu falecido marido espancou Mahato e a queimou viva na presença de uma das filhas no distrito de Chitwan, a 80 quilômetros ao sudoeste de Katmandu.
Segundo a fonte policial consultada pela Efe, dez pessoas, inclusive dois xamãs e uma criança de oito anos de idade, foram detidas por envolvimento no assassinato.
A maioria dos detidos, que foram identificados por testemunhas, tem entre 20 e 30 anos, e o mais velho tem 48.
Os vizinhos se inteiraram do fato quando Mahato já estava em chamas e era impossível salvar sua vida, segundo a imprensa local.
 Fonte e foto:  elClarinete
Outras fontes: Terra, Voz da Rússia, G1.

12 fevereiro, 2012

Mulher tida como bruxa é linchada na Índia por não curar doente


Forças de segurança da cidade prenderam 12 pessoas ligadas à morte da mulher, que se chamava Dharamsri e tinha 60 anos.
Nova Delhi - Um grupo de indianos linchou uma mulher que não conseguiu curar um doente com suas "artes de bruxaria" na cidade de Sabrum, no extremo leste da Índia.
Forças de segurança da cidade prenderam 12 pessoas ligadas à morte da mulher, que se chamava Dharamsri e tinha 60 anos.
Segundo um policial relatou à agência de notícias local IANS, o corpo da indiana foi encontrado em um bosque, junto a outras duas mulheres, que pareciam ser suas ajudantes. As duas também foram agredidas e estão seriamente feridas.
Um dos detidos confessou que a intenção dos agressores era queimar o corpo da mulher, mas a chegada dos policiais os impediu.
Em um caso semelhante, outra suposta bruxa foi queimada viva na última sexta-feira no estado vizinho de Assam.
Nas áreas tribais da Índia, especialmente no leste do país, não são incomuns sacrifícios humanos e linchamentos de mulheres acusadas de praticar bruxaria, mesmo com os esforços do governo para impedir tais práticas, através de campanhas de conscientização.
No passado, algumas correntes hindus eram adeptas de rituais de sacrifícios humanos. Embora hoje estejam quase erradicados, ainda há casos.
Há três semanas um adolescente de 14 anos morreu vítima de um sacrifício no estado de Andhra Pradesh. Ele foi assassinado por um grupo de pessoas que acreditavam que a morte do garoto os levaria a um tesouro secreto.
Dados oficiais do país apontam que em 2009 - último ano de que se tem registro - ocorreram 186 mortes violentas relacionadas à bruxaria.

Fonte: Folha, EFE, D24am

04 fevereiro, 2012

Diva


Na calada da noite, caminho sem direção pelas ruas vazias
Procurando nas estrelas terrenas aquele brilho que a este coração possa encantar
Apenas um cintilante momento que preencha a alma com primazia
Inútil toda a caminhada, pois estou ciente que sou escravo do teu olhar
No silêncio da montanha, contemplava o exuberante e leve vôo do gavião
Quando pensei em agarrar na ponta do vento para vagar em suas fascinantes delícias
Percorrendo uma doce realidade indistinta da mais quimérica ilusão
Mas a mente trouxe-me de volta porque eu já era um prisioneiro de tuas carícias
Na grandeza do oceano das fantasias, alcei a vela para velejar espontâneo até o horizonte
Buscando aquela graciosa liberdade que não necessita de nenhum esconderijo
E que entre os veneráveis desejos e a divindade de minha essência formam uma ponte
Mas as sutis lufadas da paixão trouxeram-me de volta porque sou refém dos teus beijos
 No encantamento de um fim de tarde, deliciava-me com a sedutora aquarela do ocaso
Sentia-me pleno como os raios de sol e fervoroso como suas inebriantes pulsações
Ciente de que a unidade entre o astro-rei e o fulgor de meus olhos não era um fortuito acaso
Mas as primeiras estrelas regressaram-me ao lar porque eu era cúmplice de tuas seduções. 
Na exuberância do amanhecer, adentrei o inesquecível vale dos sonhos para vagar pelas fantasias do infinito
Onde os pássaros conversam com as árvores e o homem beija o coração de uma flor
Naquele inebriante espaço onde tudo é simples e, na simplicidade, tudo é raramente bonito
Mas o aroma de tua presença trouxe-me de volta porque, mesmo livre, eu tinha sido sentenciado pela sublimidade do teu amor.
Cargnin dos Santos