Em nossa casa, assim como em nosso corpo e nossa alma, precisamos sempre saber o que fazer e como fazê-lo. Por isso nossa primeira tarefa é nos conhecermos a nós mesmos. Todo sistema iniciático, de qualquer tipo, sempre impõe essa condição. Sem o autoconhecimento não existe a escalada verdadeira.
Adote um diário mágico e tome nota de todas as facetas negativas de sua alma. Esse diário deve ser de uso exclusivo e não deve ser mostrado e ninguém; é um assim chamado livro de controle, só seu. No autocontrole de seus defeitos, hábitos, paixões, impulsos e outros traços desagradáveis de caráter, você deve ser rígido e duro consigo mesmo.
Não seja condescendente consigo próprio, não tente embelezar nenhum de seus defeitos e deficiências.
Medite e reflita sobre si mesmo, desloque-se a diversas situações do passado para lembrar como você se comportou aqui ou ali, quais os defeitos e deficiências que surgiram nessa ou naquela situação.
Tome nota de todas as suas fraquezas, nas suas nuances e variações mais sutis. Quanto mais você descobrir, tanto melhor. Nada deve permanecer oculto ou velado, quer sejam defeitos e fraqueza mais evidentes ou mais sutis.
Aprendizes especialmente dotados conseguiram descobrir centenas de defeitos nos matizes mais tênues; dispunham de uma boa capacidade de meditação e de penetração profunda na própria alma. Lave a sua alma até que se purifique, dê uma boa varrida em todo seu lixo.
Essa auto-análise é um dos trabalhos mágicos prévios mais importantes.
Muitos sistemas ocultam negligenciam-no, e por isso também têm pouco sucesso.
Esse trabalho prévio na alma é a coisa mais importante para o equilíbrio mágico, pois sem ele não há possibilidade de uma escalada regular nessa evolução. Devemos dedicar alguns minutos de nosso tempo, na parte de manhã e também à noitinha, ao exercício de nossa autocrítica. Dedique-lhe também algum instante livre de seu dia; use esse tempo para refletir intensamente se ainda há alguns defeitos escondidos, e ao descobri-los coloque imediatamente no papel, para que nenhum deles fique esquecido. Sempre que topar com algum defeito, "Não hesite, anote-o imediatamente!".
Caso você não consiga descobrir todos seus defeitos em uma semana, prossiga por mais uma semana com essas pesquisas até que seu assim chamado "registro de pecados" esteja definitivamente esquematizado.
Depois de conseguir isso em uma ou duas semanas passe para o exercício seguinte.
Através de uma reflexão precisa, tente atribuir cada um dos defeitos a um dos quatro elementos. Arranje uma rubrica, em seu diário, para cada um dos elementos, e anote abaixo dela os defeitos correspondentes. Coloque aqueles defeitos sobre os quais você tiver alguma dúvida, sob a rubrica "indiferente".
No decorrer do trabalho de desenvolvimento, você terá condições de determinar o elemento correspondente a cada um dos defeitos.
Assim por exemplo, você atribuirá ao elemento fogo os seguintes defeitos: irritação, ódio, ciúmes, vingança, ira.
Ai elemento ar atribuirá a leviandade, a fanfarronice, a supervalorização do ego, a bisbilhotice, o esbanjamento; ao elemento água, a indiferença, o fleomatismo, a frieza de sentimentos, a transigência, a negligência, a timidez, a teimosia, a inconstância.
Ao elemento terra atribuirá a susceptibilidade, a preguiça, à falta de consciência, à lentidão, à melancolia, à falta de regularidade.
Na semana, reflita sobre cada umas das rubricas e divida-a em três grupos. No primeiro grupo coloque os defeitos mais evidentes, que o influenciam com mais força, e que surgem já na primeira oportunidade, ou ao menos estímulo. No segundo grupo coloque aqueles defeitos que surgem mais raramente e com menos força.
E no terceiro, na ultima coluna, coloque finalmente aqueles defeitos que chegam à expressão só de vez em quando e em menor escala. Isso deve ser feito desse modo também com todas as outras rubricas de elementos, inclusive com os defeitos indiferentes. Trabalhe sempre escrupulosamente, e você verá que vale a pena!
É exatamente desse modo que devemos proceder com as características boas de nossa alma. Elas também deverão o ser classificadas sob as respectivas rubricas dos elementos; e não se esqueça das três colunas.
Assim por exemplo, você atribuirá ao elemento fogo a atividade, o entusiasmo, a determinação, a ousadia, a coragem. Ao elemento ar atribuirá o esforço, a alegria, a agilidade, a bondade, o prazer, o otimismo, e ao elemento água: a sensatez, a sobriedade, a fervosidade, a compaixão, a serenidade, o perdão, a ternura. Finalmente, ao elemento terra: atribuirá a atenção, a perseverança, a escrupulosidade, a sistematização, a pontualidade, o senso de responsabilidade.
Através desse trabalho você obterá dois espelhos astrais da alma, um negro com as características anímicas ruins, e um branco com os traços bons e nobres do seu caráter. Esse dois espelhos mágico devem ser considerados dois autênticos espelhos ocultos, e fora o proprietário, ninguém tem o direito de olhar para eles. Caso lhe ocorra, ao longo do seu trabalho de evolução, mais uma ou outra característica boa ou ruim, ele ainda poderá incluí-la sob a rubrica correspondente.
Esses dois espelhos mágicos dão ao mago a possibilidade de reconhecer, com bastante precisão, qual dos elementos é o predominante em seu caso, no espelho branco ou negro. Esse reconhecimento é necessário para se alcançar o equilíbrio mágico.
The Book of Shadows
O Livro das Sombras é, essencialmente, o diário de um Bruxo, um diário mágico.
A origem desse Livro, remonta ao tempo das perseguições. Proibidas de compartilhar oralmente seus conhecimentos, as (os) Bruxas (os) da Idade Média, escreviam seus conhecimentos e feitiços, em um Livro que ficava escondido, por isso o termo "das Sombras", pela menção de que o Livro deveria ficar oculto a qualquer preço, sob seu dono ter contra si, provas incontestáveis de Bruxaria. Na Idade Média, esses Livros continham essencialmente Poções, Feitiços, Encantamentos, Filtros, enfim, operações de magia não trazendo nada sobre a pessoa que o escreveu, além de talvez, seu Nome Mágico, por motivos que você pode imaginar.
Todas as tradições de ordem iniciática cobram de seus alunos a existência de um diário onde sejam anotados todos os procedimentos mágicos, fatos interessantes do dia-a-dia, aprimoramentos e coisas pertinentes à disciplina mágica.
Na tradição Wicca, esses dois aspectos foram fundidos num só recurso que recebe basicamente dois nomes, ou é chamado de Grimoire que quer dizer Livro de Encantamentos como na Idade Média, ou Livro das Sombras (Book of Shadows - Box) como o Livro que Gardner escreveu e que é usado nas tradições Gardneriana e Alexandrina.
Um Livro das Sombras funciona como um Grande Diário. Nele o aprendiz e mesmo o (a) Bruxo (a) experiente anota os fatos de sua vida, referentes direta ou indiretamente com a Bruxaria, copia rituais, relata acontecimentos, escreve feitiços ou mesmo poesias. Ele serve como um Grande Avaliador do desenvolvimento mágico. Olhando as primeiras páginas, um Bruxo, pode avaliar a quanto evoluiu no estudo e prática da Arte, comparar suas opiniões atuais com as que tinham na época e assim fazer um grande balanço da sua vida na Magia.
Além disso, o hábito de escrever no seu Livro das Sombras, lhe traz a prática de um aspecto muito favorável - A DISCIPLINA -.
Essa disciplina na qual você se obriga a escrever seja todo dia, seja 3 vezes por semana, ou seja, apenas quando acontecer algo relevante lhe confere um campo favorável no avanço do Treinamento Mágico, na medida que você tem, (por vontade própria, lembre-se) de escrever, você acaba tendo que fazer alguma coisa, assim o Livro funciona. Como catalisador do processo de treinamento.
Se você pretende seguir o Caminho da Bruxaria, não deixe para depois a confecção do seu Box, ele pode ser um instrumento valiosíssimo no futuro. Não faça como algumas pessoas, que só agora estão organizando o seu, e têm que se lembrarem de quase tudo o que aconteceu desde que começaram a se interessar pela Bruxaria, assim sendo, muita coisa pode ter sido esquecida, a ordem dos acontecimentos fica comprometida, e algumas coisas sutis do dia-a-dia, são sepultadas definitivamente no esquecimento...
Você pode começar, escrevendo um pequeno texto, explicando a você mesmo, o porque do seu interesse pela Bruxaria... Talvez, um dia, após você ter morrido, ou quando ficar com mais idade, alguém poderá ler o seu Livro e se interessar pelo assunto.
1 - Você pode separar o seu Box em 3 seções, ou mesmo ter 3 Livros. Um Grimoire, onde você anotará só os Feitiços e Exercícios, outro com Poemas e anotações pessoais, do dia-a-dia, que efetivamente corresponderá ao seu Livro das Sombras, e outro ainda, com conhecimento de Herbalismo, Cristal-terapia, Incenso-terapia, e assim por diante. Fica mais fácil de você ir direto ao que deseja consultar ou lembrar. Além disso, você fará um Compêndio de conhecimento sobre magia, na medida que terá à sua disposição um material confiável de consulta, avaliado por você mesmo, e condizente com o seu modo de fazer as coisas, ou seja, personalizado.
2 - Tradicionalmente, não se permite, que ninguém que não seja da Arte, toque no seu Livro, mas permite que outros Bruxos (as) leiam as partes que você autorizar, ou mesmo que copiem Encantos e Feitiços, para o seu próprio Box, mas, no entanto o Livro não pode ser emprestado. Ele é materialmente e intimamente seu, e de mais ninguém. Pessoas que passam mesmas experiências podem descrevê-las de diversas formas, o que é natural e saudável.
3 - Outro motivo para não deixar qualquer pessoa ler o seu Livro, é que ele reflete todo o nosso Mundo Mágico, o Mundo da Bruxaria, e algumas coisas podem chocar as pessoas incautas, ou mesmo fazer com que você caia em descrédito junto à comunidade ou a seus familiares, prejudicando a sua vida “normal”.
4 - Tradicionalmente, o Livro deveria ser um caderno normal, preto, escrito a mão e com folhas numeradas. Mas pode ser uma agenda, um fichário, o importante é que você o faça.
5 - Alguns acham que ele deve ser escrito à mão, assim a energia do Livro seria mais trabalhada enquanto Livro Mágico, no entanto isso deve ficar a seu critério.
6 - Disciplina é liberdade!