11 julho, 2011

Dragões

Os dragões são animais fabulosos, geralmente representados como uma enorme serpente alada que expele fogo pelas narinas. Seu tipo biológico situa-se entre o réptil e o dinossauros: cabeça ornada com uma crista, chifres, presas, couro grosso e nodoso cobrindo todo o corpo até a cauda, provido de esporas, possivelmente de tecido ósseo ou cartilaginoso. Com poderes extraordinários, o hálito dos Dragões é considerado venenoso e seu sangue, quando derramado em batalha ou na hora da morte, é igualmente fatal para aquele que for atingido por respingos dos líquidos. A palavra dragão é originária do termo grego drakôn, usado para definir grandes serpentes.
Os dragões encontram conforto em lugares frios, escuros e úmidos; por isso, cavernas são as moradas ideais para dragões, além da penumbra e do frescor, são locais de fácil defesa e apropriado para guardar tesouros e reservas de alimento. As colinas próximas a grupamentos humanos ou rebanhos de mamíferos foram os lugares preferidos na hora de escolher a toca. Há dragões que habitam em águas: mares, lagos, rios e pântanos.
No Ocidente, os primeiros relatos sobre dragões aparecem em escrituras judaicas e gregas. Na Europa, as lendas sobre os monstros antropófagos e cuspidores de fogo ou "de respiração pestilenta", ganharam espaço na imaginação popular. As histórias falam de cidades e vilarejos ameaçados e raptos de donzelas cruelmente assassinadas, degoladas ou empaladas, salvo quando algum virtuoso cavaleiro intervém na situação devidamente guarnecida de uma espada mágica.

No Leste Europeu, os Dragões estão ligados a tradições que supostamente adoravam divindades descendentes dos antigos Nagas indianos cuja representação, a figura de um Dragão, significa a Sabedoria, seja usada para o bem ou para o mal. O famoso Vlad Tepes, ou conde Drácula, foi um membro da Sociedade Secreta dos Dragões em sua região e seu apelido "Drácula", significa, precisamente, Dragão. Nesta tradição há uma clara associação entre Dragões e Sabedoria, uma relação histórica com raízes plantadas na mais remota antiguidade.
Os Dragões aparecem nas tradições mitológicas de quase todos os povos do mundo. No Oriente, os Dragões não são necessariamente perversos. Na China, são figuras de grande destaque. Festas folclóricas são dedicadas a eles. Os dragões simbolizam o próprio povo chinês que se auto-proclamam "Long De Chuan Ren" (Filhos do Dragão). Para os chineses, o dragão é uma criatura mítica e divina relacionada à abundância, prosperidade e boa fortuna. Templos são construídos em honra aos Dragões e para eles são queimados incensos e dirigidas orações.
Eles são os governantes dos rios, da chuva, lagos e mares. Habitam nas águas, voam nos céus e percorrem as entranhas da Terra e dos Oceanos; aos seus movimentos subterrâneos são atribuídos fenômenos tectônicos como tremores de terra, terremotos e maremotos. Os dragões chineses são classificados em categorias:
1. Dragão com Chifres (Lung),

2. Dragão Celestial, que mantém e protege as moradas dos Deuses;

3. Dragão Espiritual, gerador de chuva;

4. Dragão dos Tesouros Escondidos, Guardião das Riquezas;

5. Dragão Serpente, habitante das águas;

6. Dragão Amarelo, também aquático, que teria presenteado o legendário imperador Fu Shi com os elementos da escrita.

Os quatro últimos são os Dragões-Rei, regentes dos quatro mares dos quatro pontos cardeais.
"Junto com o Unicórnio, a Fênix e a Tartaruga, era considerado um dos quatro primeiros animais que ajudaram na criação do mundo. O dragão não tinha rivais em sabedoria e em poder para conceder bênção. O imperador da China era suposto ser descendente de um dragão e ter dragões a seu serviço. Estudantes chineses cuidadosamente categorizaram dragões por diversos critérios como na classificação por Tarefas Cósmicas:

Dragões Celestiais: Estes dragões protegiam os céus, suportavam os lares das divindades e os defendiam da decadência. Somente estes dragões tinham cinco garras e somente a insígnia Imperial era permitida a descrevê-los.
Dragões Espirituais: Estes controlavam o clima do qual a vida era dependente. Eles tinham que ser apaziguados, pois se fossem tomados por raiva ou simples negligência, desastres iriam se seguir.

Dragões Terrestres: Estes lordes dos rios controlavam seus fluxos. Cada rio tinha seu próprio dragão que governava de um palácio bem abaixo das águas.







Dragões Subterrâneos: Estes dragões eram guardiães dos preciosos metais e jóias enterrados na terra. Cada um possuía uma grande pérola que podia multiplicar qualquer coisa que tocasse.
Também foram classificados pela cor:
Azul: Augúrio do Verão

Vermelho e Negro: Dragões destas cores eram bestas ferozes cujas lutas causavam tempestades e outros desastres naturais.

Amarelo: Estes eram os mais afortunados e favoráveis dos dragões. Não podiam ser domados, capturados ou mesmo mortos. Apenas apareciam em tempos apropriados e somente se houvesse uma perfeição a ser encontrada.

Os Dragões chineses podiam tomar a forma humana ou de uma fera se desejassem e tinham uma bizarra coleção de fobias. Temiam o ferro, mas para criaturas que eram vistas como mestres de tais elementos e quase divinos, também temiam outras estranhas coisas como centopéias ou fios de seda tingidos em cinco cores.

O Japão também tinha seus dragões. Chamados de Tatsu, eles eram bastante relacionados com os Dragões Chineses. Assim como eles, também tinham diferentes subtipos, entretanto geralmente tinham somente três garras e eram mais parecidos com cobras.

Na mitologia chinesa, muito mais antiga que a dos judeus, também há um gênesis. O Paraíso chinês, chamado Jardim da Sabedoria, era habitado pelos "Dragões da Sabedoria".
Localizava-se no Planalto de Pamir, entre os picos mais elevados da cordilheira dos Himalaias.
Pesquisadores de diferentes áreas, geólogos, arqueólogos ou teosóficos, que defendem a hipótese de uma origem mais recuada para a espécie humana, admitem que possa ter ocorrido um período de transição no qual seres humanos conviveram com sáurios ou grandes répteis. A estudiosa H. P. Blavatsky assinala em sua Doutrina Secreta (2003), citando o naturalista Curvier: "Se existe algo que possa justificar a existência de hidras e de outros monstros cujas figuras foram tantas vezes reproduzidas pelos historiadores da Idade Média, este algo é incontestavelmente o plesiossauro."
O Plesiossauro é um réptil marinho semelhante a um lagarto. Tinha grandes proporções, alguns chegando a 9 metros de comprimento; era dotado de poderosas nadadeiras. Blavatsky escreveu no final do século XIX, época em que houve um intenso movimento na área da pesquisa arqueológica e paleontológica. Muitos fósseis eram descobertos por pesquisadores independentes. Na Alemanha, foi descoberto um sáurio voador, o pterodátilo, com 78 pés de comprimento, asas membranosas com envergadura em torno de meio metro, vigorosas presas e corpo de réptil. Na Filadélfia, o Dr. Cope estudou o fóssil de um monossauro e concluiu que era uma serpente alada, da espécie do pterodátilo, cujas vértebras indicam mais aproximação com ofídios do que com lacertídeos (BLAVATSKY, 2003 - p 223). Em 1886, o geólogo Charles Gould escreveu em seu antológico Mythical Monsters:
Muitos dos chamados animais míticos, que através dos séculos e em todas as nações serviram de tema para ficções e fábulas, entram legitimamente no campo da História Natural simples e positiva e podem ser considerados não como produto de uma imaginação exuberante, mas como criaturas que realmente existiram e das quais... só chegaram até nós descrições imperfeitas e inexatas, provavelmente muito refrangidas pelas névoas do tempo; tradições de seres que, em outra era, coexistiram com o homem, alguns deles estranhos e horrendos ...é menos difícil admitir todas essas maravilhosas histórias de deuses e semideuses, de gigantes e anões, de dragões e monstros de toda espécie como transformações do que acreditar que sejam invenções. ...Se são invenções, devemos crer que selvagens incultos fossem dotados de um poder de imaginação e criação poética muito superior ao dos povos civilizados de nossos dias.
Em Black Dragon Wash, Utah, essa milenar - e por sinal muito evoluída - cultura deixou nas rochas a perfeita, e além de tudo belíssima, representação artística de um Pterodátilo, a temível fera alada da Pré-história, fato que inequivocamente poderia atestar a sua imensa antigüidade.
Apesar destas descobertas e de muitas mais, a arqueologia oficial não admite a existência de seres como dragões em qualquer época, embora nos ladrilhos babilônicos, nos murais pré-colombianos, na mitologia nórdica, nos desenhos japoneses, pagodes e monumentos, na Biblioteca Imperial de Pequim e em muitos outros documentos históricos figurem reproduções perfeitas de plesiossauros e pterodátilos.
A questão da veracidade ou não da existência remota de animais como os dragões assume maior importância quando relacionada com as dúvidas em torno da idade da raça humana sobre a Terra. Se as histórias e figuras de dragões são mais que fruto da imaginação dos povos, se forem vistos como registros de visões reais, como documentos históricos, por mais remota que seja a época a qual se refira, isto seria uma prova da enorme antigüidade do homem sobre o planeta reforçando, inclusive, as teorias que falam de civilizações avançadas que desapareceram completamente, vitimadas por catástrofes.

A FACE OCULTA DOS DRAGÕES
A existência dos Dragões, como animais pré-históricos, contemporâneos a uma raça humana arcaica, pode ainda ser contestada, mas sua realidade como elemento cultural, seu caráter de poderoso símbolo presente no imaginário popular e nas alegorias religiosas de todo o mundo, isto é um fato inegável. Rico em conteúdos semióticos, o Dragão, ora representa o bem, ora representa o mal.
Uma visão geral do histórico dos Dragões mostra um ser paradoxal, que encarna, ao mesmo tempo, o bem e o mal. É o monstro que aterroriza os mortais, é a besta do apocalipse, o aliado da magia, o raptor de donzelas medievais; mas também é um símbolo de sabedoria, força física, poder, proteção e boa fortuna. Este caráter, aparentemente multifacetado dos dragões é o resultado de milênios de sincretismos entre culturas de todo o mundo. O aspecto maligno do dragão é notavelmente acentuado no Ocidente, onde foi associado à figura do diabo por conta de suas "aparições", quase sempre alegorias mal interpretadas, nas escrituras cristãs como no apocalipse.
Todavia, a simbologia tradicional se mantém. Os dragões jamais perderam seus atributos positivos e somente pela via das deturpações podem ser identificados com o mal. Ao contrário, o folclore envolvendo Dragões em guarda de tesouros é uma adaptação popular para os Dragões Guardiães do Éden, Guardiães da Árvore da Vida e da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. São guardiães da Sabedoria e ainda abrigam outros significados: representam a energia cósmica criadora, a eternidade e o próprio cosmos, que repousa enrodilhado sobre si mesmo, círculo de serenidade, e quando desperta em turbilhões, desdobrando suas espirais no infinito, manifestando-se em todas as coisas que existem no Universo.

A imagem do Dragão associada à sabedoria contém uma mensagem de profundo alcance. A imagem diz que a Sabedoria não se relaciona com qualquer tipo de fraqueza. Não há conflito entre força, poder e felicidade, boa fortuna, compaixão e bom senso. O signo original, concebido em épocas insuspeitadas da história humana, referia-se à Regeneração Psíquica e à Imortalidade. Hermes considerava a serpente o mais espiritual de todos os seres.

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