05 janeiro, 2010

Cronograma Histórico das Bruxas


a.e.c = antes da era cristã
d.e.c. + depois da era cristã


Cerca de 12000 a 10000 a.e.c.Encontradas estatuetas de uma Deusa da Fertilidade; Pinturas rupestres na França e Espanha descrevem danças circulares e um Deus (ou um sacerdote representando um Deus) vestindo peles de animais e chifres;
Cerca de 6000 a.e.c. A Bretanha tornou-se uma ilha - anteriormente, era unida ao continente europeu;
De 6000 a 5000 a.e.c. Início da agricultura no Oriente; antes viviam da caça (isso significa que o conceito de fertilidade da terra foi acrescentado ao da fertilidade humana e dos rebanhos - assim, novos ritos e crenças foram adicionados à religião e à magia); A agricultura também trouxe ao paganismo a importância do Sol e da Lua na vida das pessoas (colheitas, ciclos, morte, renascimento etc.);

3000 a.e.c. Neolíticos começam a se estabelecer na Bretanha (povos que vieram do Norte da Ásia e, com isso, trouxeram consigo muitos cultos do Além Mundo, como por exemplo, de Ísis e Osíris no Egito, em seus conceitos essenciais);
3350 a.e.c. Zodíaco de Glastonbury;

2000 a.e.c. Povos do início da Idade do Bronze chegam à Bretanha atraídos pelas minas de estanho; Construção dos aterros circulares;

1800 a.e.c. Construção de Stonehenge e da maioria dos monumentos megalíticos;

1103 a.e.c.Refugiados de Tróia fundam Londres (data aproximada);

Século V a.e.c. Povos célticos da Idade do Ferro invadiram a Bretanha e ocuparam partes do sudeste. Trouxeram armas de ferro e utensílios, e acredita-se que tais povos trouxeram os druidas como seus sacerdotes, mas é possível que os druidas fossem sacerdotes de tribos ainda mais antigas;

55 a.e.c. Tentativa fracassada de Júlio César de conquistar a Bretanha;
43 d.e.c. Um exército romano desembarca na Bretanha e ocupa o país durante 40 anos;

61 d.e.c. A Revolta de Boudicca (Boadicea); Massacre dos druidas pelo Império Romano;
120 d.e.c. A Bretanha é incorporada ao Império Romano por meio de tratado;

324 d.e.c. Por decreto do Imperador Constantino, o Cristianismo torna-se a religião oficial do Império Romano;
410 d.e.c. Queda de Roma e fim do domínio romano na Bretanha;

553 d.e.c. O Conselho de Constantinopla declara a doutrina da reencarnação como sendo uma heresia;

597 d.e.c. Santo Agostinho traz o Cristianismo Papal para a Bretanha, agora extensivamente estabelecido entre os anglos, saxões e dinamarqueses;
607 d.e.c. Recusa dos cristãos célticos em reconhecer a supremacia de Roma; Massacre dos bispos célticos; Incêndio da biblioteca de Bangor;
Século VIII "Liber Poenitentialis", de Theodore, proíbe a prática da dança usando máscaras de animal, especialmente as de animais de chifres;
900 d.e.c. O Rei Edgar lamentou o fato de que os Antigos Deuses eram muito mais adorados em seus domínios do que o Deus cristão;

906 d.e.c.Regino, em seu "De Eclesiástica Disciplinis", apresenta o famoso "Canon Episcopi", denunciando as "mulheres más" que cavalgavam pela noite "com Diana, a deusa dos pagãos", obedecendo-a como uma deusa e sendo chamados ao seu serviço em certas noites. Esse texto serviu de autorização para a morte de milhares de pessoas;
1066: A conquista Normanda;
1090 a 1270: A era das Cruzadas que terminou em fracasso;
1100: Morte de William Rufus;
1207: Papa Inocêncio III começou a pregar as Cruzadas Albigenses, dirigidas contra os cátaros no Sul da França;
1290: Eduardo I expulsa os judeus da Bretanha;
1303: O Bispo de Coventry foi acusado de Bruxaria pelo papa;
1307 a 1314: Perseguição dos Cavaleiros Templários;
1316 a 1334: Período do papado de João XXII, autor de alguns dos primeiros decretos formais contra a Bruxaria;
1324: Julgamento de Dame Alice Kyteler pelo Bispo de Ossory. Ela refugiou-se na Bretanha, onde tinha amigos "bem colocados"; diziam que o Bispo era um deles e a julgou depois que esta cortou relações;
1349: Fundação da Ordem da Jarreteira por Eduardo III;
1406: Rei Henrique IV instrui o Bispo de Norwich a procurar e prender as bruxas e feiticeiros na sua diocese;
1430: Julgamento de Joana D'Arc;
1484: Bula Papal do Papa Inocêncio VIII, "Summis desiderantes affectibus", um ataque aos hereges e bruxas;
1486: Publicação do "Malleus Malleficarum", sinal da perseguição severa e difundida;
1541: A lei da Bruxaria foi aprovada no reinado de Henrique VIII. Isso indica que as bruxas eram reconhecidas como uma seita herética e confirma a velha história da "era das fogueiras”;
1547: A lei de Henrique VIII foi revogada por Eduardo VI;
1562: Outra lei da Bruxaria foi aprovada, no reinado de Elizabeth I. Na primeira ofensa, a punição era a exposição ao ridículo e, depois de três condenações, morte;
1563: O Parlamento da Rainha Mary, Rainha dos Escoceses, aprovou uma lei decretando morte às bruxas, o que resultou em uma média de 200 mortes por ano, durante um período de 39 anos. Durante os 9 primeiros anos, os números não chegavam a tanto, mas entre os anos de 1590 a 1593, as mortes chegaram a 400 por ano;
1584: Primeira edição de "Discoverie of Witchcraft", primeiro livro a abordar a Bruxaria de forma racionalista e longe dos absurdos pregados; James I ordenou que o livro fosse queimado;
1597: James VI da Escócia publicou em Edimburgo seu tratado de Demonologia e Bruxaria, o que significa apoio da realeza à caça às bruxas;
1604: A Lei da Bruxaria de James I, a mais severa já introduzida na lei civil inglesa. Havia uma lista de 3 mil bruxas que foram executadas e, a partir daí, o número de execuções anuais foi para 500 (apenas na Bretanha). Duraram muitos anos;
1644: Matthew Hopkins começou seu negócio como "General Caçador de Bruxas", transformando-o em uma carreira lucrativa, oferecendo 20 xelins por bruxa encontrada; em seguida, ele teve vários imitadores;
1681: Lançamento do livro "Sadducismus Triumphatus", em resposta à crescente descrença das pessoas mais instruídas a respeito da caça às bruxas; tinha-se tornado algo enfadonho;
1711: Último julgamento de Bruxaria na Grã-Bretanha. Jane Wenham foi julgada e considerada culpada pelo júri, condenada à morte, porém, o juiz não aceitou as provas e revogou o caso, libertando-a;
1722: Uma idosa foi queimada como bruxa em Domoch, na Escócia. Esta foi à última execução judicial na Escócia;
1735: No reinado de George II, a lei de Bruxaria de 1735, a qual dizia que, na verdade, a Bruxaria não existia e que ninguém deveria ser processado por isso no futuro, mas quem "fingisse" ter poderes paranormais deveria ser processado como impostor;
1749: Girolamo Tartarotti publicou o livro "Del Congresso Nottorno delle Lammie", afirmando que a Bruxaria era derivada do antigo culto a Diana e fez uma distinção entre esta e a magia cerimonial, que procurava conjurar demônios; foi um dos primeiros escritores a tomar essa linha;
1809: Velhas idéias ainda persistem na escócia, quando é publicado o Dicionário de Brown, dizendo que uma bruxa é aquela que tem ligações com o diabo;
1848: O Espiritualismo moderno foi fundado como resultado das investigações dos fenômenos produzidos pelas irmãs Fox na América (tais fenômenos já tinham ocorrido antes, mas jamais foram investigados). A Igreja denunciou o Espiritualismo como "diabólico”;
1857: Allan Kardec reintroduziu publicamente a antiga doutrina da reencarnação na Europa;
1892 a 1897: Dr. Charles Hacks e Gabriel Jogand publicaram na França uma série de "revelações acerca do Satanismo", com o máximo de sensacionalismo, mas nas quais o clero acreditava piamente. A maioria das descrições modernas de “Satanismo” é, na verdade, baseadas em tais "revelações”;
1921: A Dra. Margaret Alice Murray publica o famoso "Culto das Bruxas na Europa Ocidental", seguido de "O deus das Feiticeiras". Nesses livros, a autora declarou que a Bruxaria era o que restou das antigas religiões pagãs dos europeus, e não um culto ao diabo;
1939: Data aproximada em que Gardner começou a praticar Bruxaria;
1948: Publicação de "A Deusa Branca", de Robert Graves, sobre as culturas de culto à Deusa;
1949: Gerald Gardner, sob o pseudônimo "Scirce", publicou um romance histórico chamado "High Magic's Aid". Pelo que consta, era o primeiro livro escrito por um bruxo iniciado;
1951: Revogação das últimas leis anti-Bruxaria na Inglaterra;
1954: Publicação do livro "A Bruxaria Hoje", de Gerald Gardner, o primeiro livro falando realmente sobre quem eram as bruxas e o que faziam;
1955: Uma mulher foi queimada como bruxa no México, a 85 milhas do Texas, sob as ordens de um sacerdote local, realizada pela polícia da cidade;
1963: Iniciação de Raymond Buckland no coven de Gardner;
1963 a 1965: Introdução da Wicca nos Estados Unidos por Raymond Buckland;
1964: A Wicca Alexandrina, ramificação da Gardneriana, entra nos Estados Unidos;
1971: Publicação do livro "Witchcraft From Inside",d e Raymond Buckland; no mesmo ano, foi publicado o livro "What Witches Do", dos Farrar;

1974: Publicação do "Livro das Sombras" de Lady Sheeba, uma versão do BOS gardneriana; no mesmo ano, Raymond Buckland publica "The Three", afirmando que não existe nenhum problema em um bruxo iniciar a si mesmo e montar um coven, mesmo sem estar preparado para tal; depois deste livro, outros sugerindo o "como se iniciar" surgiram no mercado, aproveitando a onda;
1975: Início dos festivais pagãos, tais como o Pagan Spirit Gathering e o Pan Pagan, que duram até hoje; outros festivais foram surgindo durante a década seguinte;
1979: Publicação de "Dança Cósmica das Feiticeiras", de Starhawk;
1996: Estréia do filme "Jovens Bruxas", inspirado na religião Wicca;
1996: Estréia o filme “The Crucible”, que é a história de AS BRUXAS DE SALEM se passa em Massachusetts no ano de 1692.
1997: Lançamento da série Harry Potter que, junto com a Internet, impulsionou um verdadeiro boom de buscas e informações sobre Bruxaria no mundo cada vez por mais pessoas;
1998: Estréia o filme “Da Magia à Sedução”, duas jovens bruxas carregam o fardo de uma maldição imposta pela mãe à família, depois de ter o coração partido por um amante: todos os homens por quem seus descendentes se apaixonassem deveriam morrer. Assim, quando um dos pretendentes de Gillian morre, Sally, sua irmã mais certinha, deve ajudá-la com os problemas com a polícia.
1999: Estréia o filme “Tentação Fatal”.
2001: Estréia “Brumas de Avalon”.
2003: Estréia o filme “Bruxas de Salem”, 1691, Salem, Colônia de Massachusetts.
2005: Estréia o filme “Little Oberon”, acompanhada da filha adolescente Natasha, Georgie, uma Bruxa assumida, volta a Little Oberon para visitar sua mãe que está com câncer. Lá são recebidas com desconfiança, curiosidade e malícia.

Voz Interior

Fazendo uma retrospectiva histórica e mitológica do papel da mulher ao longo dos tempos, constatamos seu papel milenar como mediadora entre os planos divino e humano. Desde os primórdios da humanidade, coube às mulheres a responsabilidade de perceber os avisos, os sinais e as manifestações sobrenaturais e transmiti-los à comunidade.
Durante os milênios em que Deus foi Mulher, as mulheres, as representantes da Deusa na Terra, foram respeitadas por seu poder de conceber e nutrir a vida e por sua profunda conexão com os planos sutis.
As mulheres eram regidas pela Lua e a ela estavam conectadas por meio de seus ciclos menstruais. Considerada uma representação da Deusa, a Lua era honrada pelas mulheres por meio de reuniões, em sua fase menstrual, nas quais dedicavam-se à introspecção, ao silêncio, à cura e à conexão com o divino. Esse retiro visava não somente a renovação e o fortalecimento pessoal, mas era também uma oportunidade de trabalhar em benefício da comunidade.
A percepção sutil intrínseca à natureza feminina tornava-se muito mais ampla e aguçada durante a menstruação, permitindo às mulheres atravessarem mais facilmente os véus que separam os mundos. Ao retornarem de seu isolamento, as mulheres traziam mensagens e orientações dos ancestrais, dos seres da natureza e da Deusa, sendo assim reconhecidas e honradas como porta-vozes do além.
Nas culturas matriarcais do período neolítico, a mulher continuava desempenhando sua função de intermediária entre o sagrado e o profano, fosse como sacerdotisa, profetisa ou visionária.
Ao visitar lugares sagrados em Malta, Sicília, Creta e Grécia, pode-se comprovar a existência de inúmeras câmaras oraculares, de nichos para sonhos incubatórios e de janelas especiais nas paredes dos inúmeros templos, onde a comunidade ia para ouvir a voz da Deusa manifestada em suas sacerdotisas.
Localizado na Grécia, em Delphi, o mais famoso oráculo do mundo antigo era dedicado a Python, a grande serpente sagrada, filha da Terra que personificava o espírito profético de Gaia. Lá, após rigorosas purificações e preparações, as sacerdotisas oraculares, chamadas pitonisas entravam em transe e transmitiam as mensagens para todos aqueles que as procuravam. Mesmo após a usurpação do templo pelos sacerdotes de Apollo, o oráculo continuou sendo atributo das sacerdotisas, pois Python transmitia seus segredos apenas às mulheres.
Com o advento das sociedades patriarcais, as mulheres perderam seus direitos, sendo dominadas, subjugadas e silenciadas. No Império Romano, as mulheres ainda desempenhavam funções sacerdotais, mas foram excluídas da vida social, não tendo permissão para estudar ou para falar em público. A educação era reservada apenas às cortesãs, para que pudessem entreter os homens com sua erudição. O cristianismo, por meio de seus dogmas, proscrições e proibições, marginalizou e aniquilou definitivamente os valores femininos, excluindo as mulheres do sacerdócio, relegando-as às funções procriadoras e ao serviço do lar, da família e da comunidade.
Por não ter sido criada à imagem e semelhança de deus, mas da costela do homem, por ter tentado comer da Árvore do Conhecimento e por ter sido castigada com a expulsão do paraíso, a mulher tornou-se a origem de todos os males infligidos à humanidade, a fonte do pecado, do mal e da luxúria.
A conseqüência foi sua total desconsideração, passando a ser julgada incapaz de pensar e proibida de falar. A repressão religiosa, familiar e social colocou vendas nos olhos e mordaças na boca das mulheres, que, outrora, representavam a origem da vida e a fonte da sabedoria.
Após os horrores da Inquisição, as mulheres levaram ainda alguns séculos para emergir da escuridão, até que, no início do século passado, conseguiram recuperar o direito de falar, trabalhar e votar. O século XX pode ser considerado a retificação dos dezenove séculos de opressão e silêncio forçado, facilitando a compreensão do movimento feminista como um pêndulo oscilando entre dois extremos.
Ávidas por expressão, as mulheres foram à luta na tentativa de recuperar o tempo perdido. Hoje ninguém mais duvida de sua capacidade, seja na área social, política, econômica ou científica, seja na área literária, artística, terapêutica ou mística. Pagando o alto preço da jornada dupla ou tripla de trabalho, a mulher saiu do anonimato e está conquistando um lugar ao sol, competindo de igual para igual com os homens. E é neste ponto que o pêndulo perde seu equilíbrio: as mulheres, ao assumir características que não são intrínsecas à sua natureza, imitando o comportamento e apropriando-se dos valores ou do linguajar masculino, exageram sua auto-afirmação e querem ser ouvidas a qualquer custo.
Talvez por isso a mulher fale demais, esquecendo-se que somente no silêncio pode ser ouvida sua voz interior; que sua força não vem da agressividade ou da combatividade, mas sim da compreensão, da sensibilidade, da criatividade, da ponderação e da sabedoria. Por mais que o mundo exterior a solicite, pressione ou agrida, a mulher moderna precisa relembrar como se proteger e como se fortalecer, buscando dentro de si seu verdadeiro eu, ouvindo sua sabedoria inata e expressando, com convicção e competência, seu potencial de maga: saber, querer, ousar... e calar.